- Mas então
você já viu passarem muitos anos? – perguntou a Menina, com admiração.
- Alguns...
– respondeu a Velha Árvore, afetiva – Mas estou longe de ser a árvore mais
velha desse parque. Não muito longe daqui, existe um jequitibá de mais de 300
anos.
- E como é,
viver tanto tempo?
- Não há
nisso nada de muito especial. Já vivi muitos invernos e vi mudar o ecossistema
diversas vezes. Em algumas noites, sonho com tempos antigos, quando as
florestas ocupavam todas as partes e a espécie humana não tinha essa fome tão
voraz de agora.
- Puxa...
Que incrível.
- É como eu
disse, não existe mérito algum em viver mais ou menos anos. Se pude aprender
alguma coisa foi isso: eu, que sou uma árvore, tenho o exato mesmo tempo que
você, Menina: o tempo de uma vida.
Um silêncio
antigo assoprou pelo parque. A Menina não disse palavra. A Velha Árvore
continuou.
- Uma
caverna leva 200 mil anos só para nascer. As estrelas vivem bilhões de anos
antes de engolirem a si próprias numa gigantesca explosão de fogo. Algumas
borboletas vivem uma semana. E todos vivem o mesmo, Menina, o tempo de uma
vida. Nem mais, nem menos.
A Menina
continuou quieta. Escutava a vida que acontecia. E abraçou o troco da boa
anciã, profundamente.
- Mas o que
te entristece, Velha Árvore? – perguntou a Menina, quebrando o silêncio.
- Pensar nas
vidas que são cortadas antes da hora, Menina. – respondeu, profundamente. –
Pensar nas vidas que são cortadas antes da hora.
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