segunda-feira, 6 de junho de 2016

6. A Menina e a Velha Árvore

- Então você já viu passarem muitos anos? – perguntou a Menina, com admiração.
- Alguns... – respondeu a Velha Árvore, afetiva – Mas estou longe de ser a árvore mais velha desse parque. Não muito longe daqui, existe um jequitibá de mais de 300 anos.
- E como é viver tanto tempo?
- Não há nisso nada de muito especial. Já vivi muitos invernos e vi mudar o ecossistema diversas vezes. Em algumas noites, sonho com tempos antigos, quando as florestas ocupavam todas as partes e a espécie humana não tinha essa fome tão voraz de agora.
- Puxa... Que incrível!
- É como eu disse, não existe mérito algum em viver mais ou menos anos. Se puder aprender alguma coisa, foi isso: eu, que sou uma árvore, tenho o exato mesmo tempo que você, Menina, o tempo de uma vida.
Um silêncio antigo assoprou pelo parque. A Menina não disse palavra. A Velha Árvore continuou.
- Uma caverna leva 200 mil anos só para nascer. As estrelas vivem bilhões de anos, antes de engolirem a si próprias numa gigantesca explosão de fogo. Algumas borboletas vivem uma semana. E todos vivem o mesmo, Menina, o tempo de uma vida. Nem mais, nem menos.
A Menina continuou quieta. Escutava a vida que acontecia. E abraçou o tronco da boa anciã, profundamente.
- Mas o que te entristece, Velha Árvore? – perguntou a Menina, quebrando o silêncio.

- Pensar nas vidas que são cortadas antes da hora, Menina. – respondeu, profundamente. – Pensar nas vidas que são cortadas antes da hora.

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